Texto Completo:
Vela
Popular, quando a alternativa pode salvar o esporte.
(Por
Marcelo R. Maia Pinto – 01/10/2012)
Um mundo em crise e o
prazer de velejar parecem incompatíveis, mas com a vela popular a
crise está servindo de estímulo. Esse segmento náutico cresce a
cada dia e está se firmando pelo mundo e aqui no Brasil também.
Que o mundo está
passando por uma crise econômica todo mundo concorda, mas quando se
fala na vela como esporte existem muitas controvérsias. Fato é que
nos Estados Unidos a prática da vela como esporte vem sofrendo com o
desinteresse da população. Motivos para isso não faltam, cada
estudo apresenta um enfoque e várias conclusões. Vamos resumir: o
que de fato importa é que o esporte não cresce e em muitos
segmentos está encolhendo. Fatores econômicos como custo de
aquisição das embarcações e alto custo de manutenção são
apontados como os principais vilões. Mas existem outros como por
exemplo a elitização do esporte com a sofisticação cada vez maior
dos veleiros exigindo processos caros e sofisticados de produção
com excessivo rigor de padronização em quase tudo. Grande exigência
técnica e necessidade de muita dedicação dos praticantes do
esporte para conseguir resultados aceitáveis, o que torna a prática
do esporte muito profissional e pouco voltada para o lazer.
Tudo isso não é
novidade, é o curso natural do desenvolvimento tecnológico, do
desenvolvimento dos materiais e da evolução técnica do esporte. Se
analisarmos outros esportes como o automobilismo, por exemplo, vemos
exatamente a mesma situação. O que começa sendo feito por lazer e
diversão e acaba se transformando em prática desportiva tem essa
trajetória de evolução natural, se transforma em um esporte de
alto rendimento exigindo muito dos atletas e mais ainda dos
materiais. Da mesma forma aqui no Brasil a prática da vela também
sofre muito com a falta de interesse, aqui muito mais do que lá.
Nossa renda é muito inferior a dos norte americanos e nossos barcos
são muitíssimos mais caros graças à falta de tecnologia e
impostos altíssimos. Segundo dados de pesquisa da ACOBAR (Associação
dos Construtores de Barcos) de 2005, do total do mercado náutico
voltado para esporte e recreio a vela representa apenas 16%, contra
84% de barcos a motor. O tamanho do mercado ajuda a tornar mais
inviável a prática da vela no Brasil.
Mas nem tudo está
perdido e não seria razoável acreditar que a vela vai ser extinta
ou que o esporte vai acabar, a vela é muito maior que o esporte,
ainda é uma forma viável de deslocamento sobre as águas. Sendo
assim, existe cooperação, companheirismo amizades sinceras e muita
paixão neste meio náutico. É da paixão que sempre aparecem
inovações ou resgates na prática da vela. Ainda nos Estados Unidos
existe um movimento chamado “mess about” que cresce de forma
consistente e cada dia aparece mais. Lá as embarcações miúdas
como caiaques, canoas e pequenos veleiros estão ganhando importância
e fazendo com que o esporte ressurja fora dos iates clubes e das
federações de vela, está voltando a se tornar popular assim como
surgiu.
Mais uma vez vemos que
aqui nas terras tupiniquins não é diferente, o “mess about”
aqui foi traduzido para “vela popular” e está se transformando
em um movimento forte que cresce a cada dia. Está aí a grande
esperança de popularizar o esporte. Os caiaques a vela, as canoas e
pequenos veleiros artesanais estão surgindo como alternativa e
ganhando adeptos por todo o país. É a revolução da náutica, um
movimento legítimo que surge da base da população e atinge todas
as classes sociais de forma democrática e pacífica. O interesse
cresce a cada dia e novas ideias e novos praticantes se unem
engrossando as fileiras e tudo se mistura em harmonia gerando
diversão e lazer sobre as águas.
Outro apelo importante
é o ecológico, todos querem preservar o planeta, mas se não
mudarmos nossos hábitos isso jamais vai acontecer. Entendendo esse
princípio, muita gente que gosta de esportes náuticos acaba se
interessando pela prática da vela, mas nem sempre tem o montante
necessário para adquirir embarcações novas, títulos de iates
clubes e acessar cursos caríssimos. Esse problema é crônico, mas
com a democratização da informação via internet, fica cada vez
mais acessível o contato com a vela popular, que está aí, mas não
de maneira formal. É assim de maneira diversa que a democracia
náutica vem sendo consolidada na vela popular, e o maior aliado é o
acesso à internet.
Os caiaques à vela vêm
despontando como uma alternativa muito atraente nesse mercado
emergente. Com baixo custo para aquisição, possibilidades quase
infinitas de adaptações e baixo custo de manutenção, atualmento é
o mais importante componente deste segmento. Já estão sendo
produzidos por vários fabricantes de caiaques, são fáceis de serem
utilizados e tem grande versatilidade no uso. Um outro fator
importante é a questão da segurança, os caiaques em sua esmagadora
maioria são insubmergíveis, o que os torna muitíssimos seguros e
podem ser utilizados em qualquer lugar, desde praias até lagoas. São
pequenos e fáceis de serem transportados e guardados, o que torna o
seu proprietário independente de clubes e marinas. As manutenções
podem ser feitas em casa ou em pequenas oficinas, sem necessidade de
ferramentas caras e complexas.
No Rio de Janeiro, onde
o movimento da vela popular desponta de uma forma mais organizada,
encontramos alguns praticantes assíduos e apaixonados. Pensando
sempre no coletivo e na popularização do esporte, estimulam novos
praticantes assim como promovem o desenvolvimento das embarcações,
velas e acessórios para a melhor performance dos seus caiaques. Por
meio de blogs trocam constantemente informações com quem solicitar
e buscam divulgar todas as conquistas no intuito de facilitar a vida
dos novos praticantes. Os blogs mais visitados são:
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