Total de visualizações de página

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A vela do Catanoiak

Ontem eu e o Danilo (Veleiro-K) fizemos a vela do Catanoiak. O Danilo forneceu o "know how" da confecção da vela sem costura de lona leve, e também ajudou a fazer colocando a mão na massa. Nos reunimos em minha casa e partimos para a confecção da vela. Depois de tudo definido e acertado para fazer uma buja, decidimos fazer uma mini genoa e o resultado é este das fotos abaixo. Faltaram alguns detalhes de moitão e cana de leme para colocar o barco na água. Acredito que hoje eu consiga terminar tudo para amanhã colocá-lo na água e testar a vela. Essa vela sem costura é realmente bem fácil de fazer e sai muito em conta, o que permite usar a criatividade pois é possível errar sem grandes prejuízos. Foi uma experiência legal e aprendi muito com o Danilo, por isso quero em público agradecê-lo mais uma vez pela grande ajuda que vem dando no desenvolvimento do catanoiak.


Catanoiak com a vela armada, reparem que o mastro está localizado à ré do casco.



A vela é uma pequena genoa com cerca de 4 m2 de área vélica. Acreditamos que essa área vélica será suficiente para impulsionar o catanoiak com ventos fracos e moderados.


Nesta foto estou mostrando o detalhe do mastro em arco do catanoiak, uma inovação idealizada pelo Mário da BRNáutica, foi feito assim para não atrapalhar o espaço do convés. O mastro tem 3,8m de altura e está posicionado à ré do casco e fixado nos bordos pelo lado interno e sustentado por três estais, sendo um de proa (onde se apóia a vela) e dois de popa. Quando colocá-lo na água vamos ver o resultado disso tudo, daí publicarei mais detalhes.



sábado, 25 de fevereiro de 2012

Na segunda de carnaval Eu e a Karla tivemos a enorme satisfação de nos unir aos nossos amigos Danilo, Nivea, Ana Paula e Raphael para curtir um dia de esportes náuticos populares na Lagoa de Maricá. Infelizmente neste dia havia uma enorme mortandade de peixes em toda lagoa ocasionada pela falta de oxigenação na água, um desastre ecológico muito triste. Passado o impacto dos peixes mortos passamos a curtir o dia no catanoiak e no caiaque duplo a vela. Tivemos a oportunidade de fazer stand up padle no catanoiak, navegar com motor elétrico e fazer testes de calado e estabilidade. Reparem que o catanoiak tem apenas 80 cm de boca (largura) e eu peso 80 Kg. Mesmo sentado na borda do catanoiak ele nem faz menção de virar, é fantástica a estabilidade. No blog do veleiro K tem várias fotos de qualidade deste dia fantástico de muita diversão.


Testando a estabilidade do catanoiak


Reboque novo, depois de retirarmos o catanoiak que foi transportado na parte de baixo do reboque, começamos a retirar o caiaque que estava na parte superior. Esse reboque ficou bem prático, levamos dois caiaques a vela e mais o catanoiak com tranquilidade e segurança.


Esse sou eu fazendo stand up padle no catanoiak. Com tanta estabilidade ficou bem fácil e divertido praticar esta modalidade que está em pleno desenvolvimento no Brasil. Eu nunca tinha remado em pé, e foi bastante fácil e divertido, o catanoiak tem bom desempenho nas remadas e é bem fácil ficar em pé nele. A Ana Paula se animou e foi remando em pé, ela também nunca tinha remado em pé e mesmo assim achou bem fácil.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

C A T A N O I A K

Bom finalmente resolvi publicar! Esse é o Catanoiak, uma invenção minha. Trata-se de um protótipo em desenvolvimento.








 O conceito do Catanoiak surgiu a partir de várias observações em canoas e caiaques. Os caiaques estreitos e longos são ótimos para remar mas não são tão ágeis em manobras e curvas, são normalmente os caiaques oceânicos. Já os caiques de fundo chato podem ser curtos porém são péssimos para remar mas são ótimos em manobras e curvas rápidas, normalmente são utilizados para corredeiras. Mas sempre falta alguma coisa. Para serem estáveis os caiques precisam ser largos, ou seja, quanto mais largos mais estáveis, mas aí ficam muito pesados para remar.
Quando colocamos mastros e velas nos caiques nos deparamos com um problema enorme de estabilidade, qualquer vento mais forte os caiaques viram. A solução encontrada foi adaptar os estabilizadores laterais ou flutuadores laterais. Estes flutuadores transformam os caiaques em trimarans com grande estabilidade lateral, mas aí ficam muito largos.
Para a pesca a necessidade fica por conta da quantidade de material a ser carregada, coisa que em muitos caiaques fica difícil. Para a pesca foi desenvolvida uma grande variedade de caiaques comerciais de fibra-de-vidro ou plástico, que sempre remontam aos mesmos problemas acima mencionados.
Daí surgiu uma ideia, o catanoiak. Em 2010 esta ideia veio à minha cabeça e foi acalentada com muito carinho. Eu pretendia juntar a maior quantidade de benefícios disponíveis em várias categorias de embarcações. A facilidade de remar de um caiaque, a grande estabilidade de um catamaran e o espaço de carga de uma canoa. Sendo assim fui pesquisar o que já existe e finalmente juntando tudo surgiu o catanoiak. Um casco assimétrico em forma de W.
No final de 2011 eu parti para a execussão deste projeto meio maluco. Havia necessidade de uma pessoa que passasse a minha ideia para um projeto real de embarcação e outra pessoa que executasse este projeto. Mais uma vez parti para a ação e busquei diversas fontes possíveis, mas a maioria dos projetistas simplesmente ignora as pequenas embarcações, estão apenas interessados nos grandes iates de luxo, o que é uma pena. Mas finalmente encontrei uma pessoa que felizmente combinou a capacidade de projetar com a possibilidade de executar. Foi o Mário da BR Nautica (www.brnautica.com.br), que fica em Praia Grande-SP.
Em novembro de 2011 comecei a discutir o projeto com o Mário, via Skype e e-mail, surgiu então o primeiro desenho do que realmente seria o catanoiak. Com o projeto feito, havia a necessidade de nos encontrarmos para acertar detalhes e nivelar as espectativas com relação à execução do projeto. Nesta fase não foi possível nos encontrarmos, mas ficou tudo acertado via internet mesmo e iniciou-se a execução do projeto. No início de dezembro de 2011 me desloquei de São Gonçalo – RJ para Praia Grande – SP para encontrar o Mário e discutir alguns detalhes do projeto, foi um encontro bastante proveitoso e fiquei feliz em conhecer o Mário e ver que ele é muito criativo, experiente e bem animado com o trabalho. Nesta fase o casco já estava sendo feito e foi legal acompanhar a construção. O material utilizado na construção foi compensado naval e madeira com revestimento em resina epoxi, tem uma camada de fibra resinada com epoxi na parede externa para aumentar a resistência e dar melhor acabamento.
Em fevereiro de 2012 finalmente o barco ficou pronto. No dia 08 de feveiro de 2012 colocamos o catanoiak na água para testarmos suas características náuticas. O resultado foi bastante promissor, apesar do casco ter ficado pesado para a categoria, ficou fácil de remar e com boa manobrabilidade, a estabilidade ficou melhor do que eu esperava. Coloquei um motor elétrico na popa com uma bateria de 60Ah e testei o desempenho, ficou bem legal. No dia seguinte concluímos a execução do leme e do mastro.
No dia 10 de fevereiro de 2012 retornei para casa já com o catanoiak no reboque. Nos próximos dias ficarei por conta do desenvolvimento da vela e farei mais alguns testes nas lagoas próximas daqui.

OBS.: São poucas fotos não é por má vontade é que a minha internet é da vivo e é muuuuuuito lenta mesmo, sendo assim leva cerca de 10 minutos para postar uma única foto.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012


Texto de Sven Yrvind adaptado por Marcelo Maia


Sven Yrvind é um sueco projetista, construtor de barcos e aventureiro, hoje com 72 anos de idade, que, no final de 2011, realizou a travessia do Atlântico em um pequeno veleiro sem motor (www.yrvind.com). O Texto abaixo foi escrito em Dezembro de 2010 quando Yrvind foi indagado a respeito do conforto de seus barcos.

Um dos comentários que ouço com mais freqüencia sobre os meus barcos é que eles não são confortáveis. É uma afirmação muito verdadeira. Mas eu projeto e construo barcos para ir para o mar e não para o conforto, pois é a atividade que me dá prazer e emoção.

O conforto diminui a atividade, e a falta de atividade leva à falta de estimulação, sem estimulação as pessoas tornam-se desanimadas, gordas e entediadas. Você só pode se tornar ativo se usar sua energia, e não repousando.

Comida e entretenimento funcionam como drogas ou como dinheiro emprestado, diminui o tédio e provação apenas momentaneamente. No longo prazo, eles tornam a situação cada vez pior.

Esforçar-se, por outro lado, é doloroso no início, mas com o passar do tempo irá trazer o prazer da curiosidade e da empolgação. O problema com essa solução saudável é que ela é abstrata para a maioria das pessoas. Historicamente o homem nunca teve de se preocupar com muito conforto e portanto, não é preparado para lidar com ele. Pelo contrário, a comida e o descanso tem se tornado o problema.

Na sociedade moderna, as fábricas e agroindústria estão produzindo mais do que o necessário para o ser humano. Desta forma acabou sendo criada uma nova espécie de homem que é o homem adestrado que vive em cativeiro. Ele não come comida de verdade, mas sim alimentos artificiais. Suas experiências de vida são virtuais.

É muito mais fácil assistir esporte do que praticá-lo. Ao velejar, fica muito mais fácil ligar o motor quando o vento falhar do que usar um remo ou esperar que o vento volte a soprar. Mas como todas as coisas artificiais, não são nada quando comparadas à experiência de vida real.

Um animal capturado em um zoológico não é um animal feliz. Ele nos diz, sem falar, que mesmo cheio de comida, com bom abrigo e uma vida sem perigo, ainda prefere ser livre.

Os homens modernos nas grandes cidades são como animais capturados. Têm todo o conforto e alimento de que precisam, ainda assim continuam entediados. Mas como vivemos entre milhões de pessoas igualmente entediadas, não notamos a escuridão. Apenas ocasionalmente encontramos um espírito livre sobrevivente e desejamos saber por que ele é tão feliz. Certamente não é o conforto que o faz feliz.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ontem no almoço um amigo me perguntou, por curiosidade, qual seria o melhor barco. Prontamente respondi: O melhor barco é aquele que vai lhe ser útil, e que de fato você irá usar. Ele ficou meio frustrado com a resposta e refinou a pergunta se não existe uma marca ou modelo que seja melhor que outro. Daí eu parti para uma explicação, que na época que eu trabalhava com Recursos Humanos, nós dávamos em um treinamento de qualidade total.
Basicamente o que fazíamos era mostrar a foto de uma linda Ferrari novinha e de um Jipe já bem ruído. Em seguida perguntávamos qual era melhor. Obviamente todos apontavam a Ferrari. Em seguida mostrávamos uma foto de uma estrada de terra toda esburacada e erodida com trechos de lama, e tornávamos a perguntar, qual carro é melhor sendo que a estrada que tem que ser percorrida todos os dias é esta da foto. Obviamente a resposta agora mudou para o Jipe.
Esse exemplo se aplica bem à realidade dos barcos. Não existe perfeição, o que existe é adequação às necessidades e ao uso. Um bom barco é aquele que é útil. Não adianta ter uma enorme e veloz lancha de luxo com ótimos motores potentes se você não dispuser de tempo para usá-la e dinheiro para dar manutenção apropriada e abastecê-la adequadamente. Vai acabar se tornando uma enorme fonte de problemas. Da mesma forma não adianta ter um caiaque individual se você pretende navegar com a família.
Claro que são exemplos extremados mas que entre o excesso e a falta existe uma infinidade de possibilidades.
O Danilo sempre usa uma máxima náutica que diz: "Quanto menor a sua embarcação maior é a sua satisfação."
Faz todo o sentido, pois se você conseguir o menor barco apropriado a sua necessidade, certamente você terá otimizado todos os fatores envolvidos na aquisição, manutenção e utilização. Certamente a soma de tudo significará uma enorme sensação de adequação e isso lhe trará muita satisfação.
Toda essa explicação é somente para mostrar que as micro embarcações ou embarcações miúdas como trata a Marinha, em se tratando de recreação são as que trazem maior satisfação aos seus usuários. Em especial as embarcações de utilização individual como caiaques, botes, pranchas e canoas, dada à dificuldade, na vida moderna, de adequação de folga e mesmo afinidade de casais ou pais e filhos para juntarem-se para navegar. Normalmente as pessoas que gostam de navegar acabam por ter que fazer isso sozinhas e as embarcações individuais ou muito pequenas, permitem isso.
Acredito que o custo baixo na aquisição, a baixa necessidade e pouco custo de manutenção, a facilidade de se fazer adaptações, a facilidade de transporte e acondicionamento, a grande possibilidade e simplicidade de utilização, são juntos os fatores que vem impulsionando o mercado deste tipo de embarcação no Brasil.
Finalmente estamos podendo ver a população partindo para a água em um país riquíssimo em litoral, rios, lagos, lagoas e represas.